terça-feira, janeiro 30, 2007

Ele pode?

... e lá estava ele, sentado na beirada da cama pensando em todas as coisas as quais fez esse ano. Corrigindo, lá estava ele, sentado na beirada da cama pensando em todas as coisas as quais ele NÃO fez esse ano. Afinal, a quantidade de coisas que ele não fez é consideravelmente maior do que as coisas que ele fez. A partir disso, foi inevitável pensar como essa simples palavra o perseguia: 'não'. As coisas que ele não fez, as pessoas que ele não conheceu, as oportunidades que ele não aproveitou, as coisas que ele não falou. E quando se deu conta, já era tarde demais. Tarde demais para fazer, conhecer, aproveitar, falar.

Há uma caixa em cima da cama. Ele a encara. Fixa o olhar nela e começa a pensar no que há dentro dela. Sim, ele sabe. Eu não sei. Quem sou eu para saber alguma coisa da vida dele? Se nem ele sabe, o que dirá eu, que mal sei a respeito da minha. Mas não estamos aqui para falar a meu respeito (ou não).

Sim, ele sabe o que há dentro daquela caixa. Mas ele não a quer abrir.
Abrir para que? Para reviver tudo aquilo? Todas aquelas lembranças que ele tem tentado esquecer, tudo o que fazia lembrá-lo o quão fracassado ele é está dentro daquela caixa. Será que uma pessoa pode culpar todo o fracasso de uma vida em uma caixa? Ele acha que pode, afinal, foi por causa dela que tudo começou. Por causa dela que ele a conheceu. E desde que a conheceu, sua vida não tem feito mais sentido. Apaixonar-se nunca fez sentido para ele, agora então, mais ainda. Tudo estava tão bem antes dela aparecer - ecoa em sua mente. Nem tão bem assim, mas melhor do que está hoje.

E ele se pergunta novamente se pode culpar uma caixa.
Sim, ele ainda pensa que sim.
E quem sou eu para falar que não?

Quem nunca culpou outras coisas pelos seus próprios fracassos?

sábado, janeiro 27, 2007

Pecados talvez não tão íntimos assim.

É incrível quando começamos a pensar em determinados aspectos da vida. Talvez não de nossa vida. Mais incrível ainda é quando começamos a pensar em alguns aspectos das vidas alheias. Sim, isso mesmo. O quão bem é possível conhecer as pessoas que nos cercam? Creio que não muito bem. Se já é difícil nos conhecer bem, imagine conhecer quem convivemos. Conhecer a intimidade de uma pessoa quando o sol se põe e todos (aparentemente, claro) vão dormir.

O bom menino que sua mãe adora que entre quatro paredes é um pervertido.
A linda menina loira que todos gostariam de ter como filha, uma prostituta.
A bela e feliz família, quando o chefe da casa mantém um caso com o vizinho.

Quando o sol volta a nascer, o pervertido volta a ser o bom menino, a prostituta se arruma e volta a ser o exemplo de menina a ser seguido e o pai dedicado volta a amar a sua esposa como se nada tivesse acontecido.

Mas disso você já sabia. E fica calado, é claro. Você prefere assim do que correr o risco de algum deles acender a luz durante a noite, para saber o que você faz quando o sol se põe.

E quer saber?
Eu também prefiro assim.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

É, talvez tenha sido por amor.

E lá estava ele, encarando-a.

Encarando aquele corpo estendido na cama. Fixava o olhar na cabeça e ia descendo seguindo as perfeitas curvas, que não foram suficientes para prender-lhe a atenção que logo foi desviada pelas gotas de sangue pingando no chão, uma a uma.

Isso provocou-lhe uma imensa sensação de nostalgia. Pensou se estaria arrependido. Não. Arrependimento não era a palavra certa. Ele não estava estava satisfeito. Sim, era isso! A satisfação não era completa. E isso o fez lembrar do início, quando se conheceram, ela, um pouco mais nova, mas aparentando ser intelectualmente muito mais velha. Ele, um simples rapaz, com uma simples beleza, cursando uma simples faculdade para ter um simples emprego. E como todo simples homem, sonhava com uma simples mulher. Mas não. 'NÃO.' - ecoa o grito em sua mente. De simples ela não tinha nada. Era uma mulher incrível. Fisicamente, era muito bela. E uma pessoa incrível. O que fez ele se perguntou muitas vezes o que ela estaria fazendo com ele. O que é normal, afinal, pessoas incríveis não procuram simples pessoas. Ou seria o contrário? Não importa. E as lembranças continuam... o namoro perfeito, as juras de amor eterno. O que provavelmente seria, se não tivesse acontecido o que aconteceu. Nem ele sabe o que aconteceu direito. Nem eu. Muito menos você.


O olhar é desviado novamente para o corpo na cama. Nua. Pálida. Quanto mais ele a olha, mais ele lembra. Não suportou o fato dela ser melhor do que ele. Ser melhor em tudo. Talvez por isso tenha feito o que fez. Acabado com sua existência. Mas assim foi pior. Ele não acha, mas foi. Dessa maneira, ele não foi capaz de provar a ela que ele era melhor. Ela morreu sendo melhor e assim vai continuar sendo.

Parece que algo o encara. A sensação de estar sendo observado é inevitável.
Mas não há ninguém, apenas as horas. As horas que não se calam, não param de passar. Aconteceça o que acontecer, as horas vão continuar passando. Aquelas horas que matam tudo como um último suspiro de felicidade. As horas que vão sempre existir entre os dois. 'Mas foi por amor.' - ecoa novamente em sua mente. Que seja, as horas de amor que vão sempre existir entre eles. Ou não. E assim, descobre o porquê não está satisfeito. Por causa dessas horas.

Resolve tomar um banho. Liga a água quente na banheira, esperando-a encher por completo.
Enquanto isso, vai até o armário de remédios onde pretende buscar o que precisa. E acha. Vai até a banheira, entra, toma 5, 6, 7 comprimidos. Nem ele sabe. Muito menos eu. Não gosto de ficar prestando atenção nessas coisas. Espera um tempo, até o remédio fazer efeito. Ao se sentir sonolento, pensa: 'Agora sim, a satisfação é completa. E foi por amor.'

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Pérola.

'- eu preciso de um pinto novo!'
'- ah, essa vai para o meu blog!'
'- mas eu preciso, PORRA!'

[diálogo seríssimo ocorrido entre Mariana Silveira - a.k.a. Porka - e minha pessoa. ontem, 11/01/07. sim, precisamos de mais noites como essas. te amo, Porka!]

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Caderninho.

'Gente, se eu não morrer de tédio até o fim das férias, eu não morro nunca mais!'
[Fernanda Soares]

segunda-feira, janeiro 08, 2007

E ele sempre volta... sempre.

É incrível como alguns fantasmas sempre nos perseguem.
Principalmente quando esses fantasmas fazem parte de nós mesmos, ou ainda, quando esses fantasmas somos nós mesmos. Como é o caso do menininho. O tempo passa, o amadurecimento vem, a consciência retorna. E ele lá, sempre atrás da porta. Cabeça baixa, chorando.

Hoje, ele resolveu sair um pouco.
Chegou perto com algumas folhas brancas.
O que dizia nelas? Não sei... acho que eu não quis saber. Ou talvez quis, mas fiquei com medo... como sempre acontece quando o menininho está por perto.

Medo. Essa palavra o define bem.
Assim como insegurança e covardia.
Três palavras que o definem bem. Ou me definem.
Eu não sei mais quem é ele ou quem sou eu. Ou se nós somos um só. Não sei, isso me deixou confuso... aliás, é uma das características dele. Ou minha. Ou nossa. Ah, não sei.

Fico olhando para ele...
Pensando em como ele consegue ser ele mesmo, sempre. Sem se esconder atrás de nada ou ninguém. Sempre, ele mesmo... mesmo que isso não seja bom. Ser você mesmo, mesmo que isso não te agrade. Será que isso é válido? Não sei... principalmente quando não sei quem é ou, se ele é ele, ou pior ainda, se ele sou eu.

Olho para as folhas no chão.
E ainda me pergunto o que estaria escrito nelas.

domingo, janeiro 07, 2007

You'll never get away from me.

Todos gostam de um jogo de faz-de-conta de vez em quando. Claro que as maneiras que jogamos podem variar imensamente. Às vezes nós dizemos a nós mesmos que o trabalho não irá interferir na nossa vida pessoal. Às vezes, imaginamos certos relacionamentos mais significativos do que eles são realmente. Ocasionalmente, nos colocamos na berlinda, como se para nos convencermos que nossos segredos não são tão terríveis assim. Sim, o jogo do faz-de-conta é bem simples. Você começa quando mente pra si próprio... E se você consegue que os outros acreditem em suas mentiras, você vence.

[Desperate Housewives]

sexta-feira, janeiro 05, 2007

All Good Things.

'quando os cachorros estavam latindo para a lua nova,
assoviando uma musica nova esperando que chegasse logo

e o sol estava se perguntando se deveria
se afastar por um dia
até o sentimento ir embora

e o céu estava caindo e as nuvens estavam pingando e a chuva caindo,
descendo para trazer salvação

e os cachorros estavam latindo para a lua nova
assoviando uma musica nova esperando que chegasse rápido
para que eles pudessem morrer.'

[Nelly Furtado]

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Reflexões de um dia de chuva.

Acordo hoje, por volta de 9:30 da manhã.
A primeira coisa que faço é olhar a janela...chove.
E como todos sabem, os dias de chuva são essenciais na vida de todos, pois eles lavam tudo o que encontram pela frente, principalmente suas mágoas, decepções e culpas.

Sempre esperamos a chuva passar, esperando que tudo esteja limpo e novo para que possamos sujar novamente, sempre esperando ansiosos pela próxima chuva, que você sabe, são freqüentes nessa época do ano.

Olho novamente para a janela.
Sim, a chuva está diminuindo. E mais um dia se passando.
Mas mesmo assim, eu não consegui entender o que há de errado comigo...