domingo, fevereiro 26, 2006

E o menininho escreve...

...escreve uma carta de amor. Mas para quem ? Ninguém. Uma carta de amor para ninguém. Quem ele poderia amar ? E mais difícil ainda... quem poderia amá-lo ? E por que ? Ele não vê respostas para essas perguntas. Não sei se vocês lembram, mas o menininho é especialista nesse tipo de pergunta. Perguntas sem respostas. Perdoem-no por ficar no caminho de vocês. Afinal, ele só queria alguém para abraça-lo, alguém para escutá-lo. Mas como, se às vezes ele nem consegue falar ? Se ele próprio não se ouve, como esperar isso dos outros ? Ele fantasia um mundo. Um mundo onde pode ser livre. Seriam ilusões, apenas fantasias ? Nesse mundo, ele ainda teria sua beleza, sua liberdade, seus sonhos... ele não sabe mais o que é ter isso. Ele continua preso, sem sonhos, sem mundo de fantasias, sem saber o que fazer. E ele continua covarde. Cada vez mais covarde.

sábado, fevereiro 18, 2006

Doce gosto de inocência perdida...

...se é que o menininho já foi inocente alguma vez. Creio que não. Então como perder algo que ele nunca teve ? O menininho não sabe. Apenas sabe que ele já nasceu assim, com esse ar de menino devasso, um demônio com cara de anjo, como ele próprio se definiria.
Meigo, doce, educado. Pervertido, insaciável, selvagem. São palavras que o definem. E ele sabe muito bem escolher quem conhecerá seu lado obscuro. Ele é todos e um só. É todos e ninguém. Às vezes era apenas ele mesmo, mas ele não sabe mais como é ser ele próprio, não sabe quantas personalidades já assumiu, quantas vidas já roubou. E nem faz muita questão de saber, já que cair na rotina é patético. Patético... ele não gosta dessa palavra. Forte, agressiva, não combina com ele. Ou com algumas partes dele... pois são várias pessoas em uma. Ou a mesma em várias. Ele não sabe. Novamente, não sabe. Não sabe nem porque é assim, não sabe porque teve que ser assim. A vida o ensinou a incorporar essa " Lolita de calças ". Há algo nisso que o incomoda. Mas o que ? Ele não se lembra, ele não quer se lembrar... mexer no seu passado pode ser desagradável, já que certas coisas devem ficar enterradas. Ou certas pessoas.

[ para Maiá ]

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Apresento-lhes, o menininho bobinho que...

...está sentado. Isso não é nada poético, péssimo início para o que era pra ser um poema. Mas na verdade é poético, quando na verdade, o menininho bobinho é você. Na verdade, eu. Eu sou o menino bobinho. Aquele bonitinho, sempre elogiado por todos, aquele bom filho, bom aluno, aquele que você sempre acha que está bem. Mas não está. Ele não está bem, tem vontade de cortar os pulsos. Mas não tem coragem de fazê-lo e por causa desse fato começa a escrever textos que ele achar uma merda para (tentar) aliviar sua dor. E ele consegue ? Não sei. Talvez saiba. Não consegue. Na maioria das vezes. Solidão. Ele é solitário. Não tem amigos. Amigos não tem. E continua escrevendo coisas sem nexo. Daqui a pouco ele começa a escreve sobre o beija-flor que está na janela. Não está mais. Talvez nunca esteve. O beija-flor ou o menino bobinho ? Sei lá. Ambos. Melhor ainda, apenas o menininho. Nunca esteve feliz. Mentira, ele nunca foi feliz. Esteve feliz uma vez sim, apenas uma, dentro de um cinema numa Quinta-feira a tarde em julho de dois mil e quatro. Depois disso, vem buscando a felicidade constante, sempre acreditando em palavras dóceis. Inocente. Ele é. Sempre foi. Sempre será. Como hoje aconteceu. Acreditava em alguém. Em quem ? Alguém. Que há muito tempo o menininho não encontrava igual. Pelo menos ele pensava isso. Inocente. De novo. Como Alice. Mas não há nenhum país das maravilhas. Como Chapeuzinho Vermelho. Mas há o lobo, que sempre o persegue. Que nem o monstro debaixo da cama. E o escuro. Sempre perseguindo o menininho. Que ainda não terminou de escrever o texto bobo. E não quer terminar. Ele quer escrever. Não sabe o que, mas sabe que quer escrever. Tentar preencher o vazio. Não sabe se o de dentro ou o de fora, mas ele quer preencher, pois o vazio o incomoda. Mas ele acabou de acostumando com isso, afinal, a vida do menino se resume a isso. Um vazio. Anos vazios. Dezenove anos, dois meses e doze dias, pra ser mais exato. Alguém para preencher ? Não. Afinal, o copo sempre esteve mais vazio do que cheio, por que agora seria diferente ? Perguntas sem respostas. O menininho é especialista nelas. Pensa no seu amigo, futuro jornalista de São Paulo. Será que ele vai gostar do texto ? Não sabe. Queria ele por perto. Ele é um amigo. Queria outras pessoas por perto. Amigos. Como aquele menininho bobinho, inocente, mimado, infantil, etc., nunca teve. Já pensou Ter, mas nunca teve. Pensou que tinha, da mesma maneira que pensa em terminar esse texto antes que alguma lágrima caia. Covarde. Ele não quer continuar o texto. Covarde. Sim, ele é. Entre outras coisas mais.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006