domingo, setembro 09, 2007

Estranhos.

Ele é estranho.

Aparentemente, ele não é. Ah, mas ele é.
Ele ri para você, ele ri para ela, ele ri para ele. Ele ri quando quer chorar... assim, ninguém vai nunca perceber que ele não quer rir, e sim chorar. Rir ofusca o desespero que o consome, todas as lágrimas que mal podem esperar por (mais uma) oportunidade para se libertarem. Mas ele não gosta de chorar. Porque ele sabe que chorar é sinônimo de fraqueza a seus olhos. E sim, sua opinião importa para ele. Pode não parecer, mas importa... ele tenta ser autêntico, mostrar que nada o afeta, mas não é assim. Há dias que o que ele mais gostaria pe uma opinião positiva a respeito dele, um elogio. Mas não. No lugar, críticas. Sim, críticas extremamente negativas. Só que ele não chora, ele ri. Um riso forçado, ofuscante, mas ri. Porque para ele, é bom que você ache que está tudo bem, quando na verdade não está. Você o desgasta aos poucos, muito mais do que você possa imaginar. Mas não sabe disso. Claro que não. Ele não deixa. Porque ele sorri. Enquanto deveria chorar. Mas não, ele sorri.

Ele coloca todos aqueles dentes à mostra, enquanto um grito de desespero ecoa dentro de seu peito.
Um patético suburbano é o que ele aparenta ser. Mas ele não é... por isso ele sorri.

Sim, ele é estranho.
Mas é desse jeito que ele é.

domingo, agosto 12, 2007

In God's Hands

...esquecemos sobre o amor, esquecemos sobre a fé, esquecemos sobre a confiança....
Esquecemos de nós.

Agora nossa amor está indo embora pela janela, está flutando pela porta de trás
Está flutando lá pro céu... no céu, onde começou, nas mãos de Deus...

Nós demos muito mas não foi o bastante... de tão cansados abrimos mão...

Nós não respeitamos, fomos neglenciando...
Não merecemos... mas eu nunca esperava por isso...

Agora nossa amor está indo embora pela janela, está flutando pela porta de trás
Está flutando lá pro céu... no céu, onde começou, nas mãos de Deus...

Oh, nós não duremos, é agora uma coisa do passado...
Nós não entendemos o que tínhamos...
Eu quero de volta, aquilo que tínhamos,
Eu quero de volta, bem como tínhamos....

[Nelly Furtado - In God's Hands]

segunda-feira, julho 09, 2007

Gardenia

Bem, eu pensei demais para começar... e agora eu sei que foi a melhor parte. É tão fácil ser pego quando está se arrependendo... esqueça tudo o que é resultado de um machucado coração.

É, sou eu que gosto de gardênias... sou eu que gosto de fazer amor no chão.
Não, eu não quero desligar o telefone ainda... tem sido tão bom me conhecer melhor.

Tenho visto todos os meus amigos pela cidade... andando sozinho, no Central Park. Fazendo todas as coisas que eu rejeitei... as troquei todas apenas para estar em seus braços....

Bem, eu escuto a minha própria voz soar tão boba... continuo contando a minha histório onde quer que eu vá.... tudo o que eu perdi parece tão diferente... mas eu acho que é assim que todos nós nos encontramos.

[Mandy Moore - Gardenia]

sexta-feira, junho 15, 2007

Bicho-papão.


"...menininho, não cresça mais não, fique pequinininho, na minha canção, senhorinho levado... fugindo assustado do bicho-papão... fique assim meu amor, sem crescer... porque o mundo é ruim e você vai sofrer de repente uma desilusão! porque a vida é somente...o seu bicho-papão."

segunda-feira, maio 28, 2007

Cíntia ou Anita?

... eu não sei quem eu sou.
Um pouco além, eu também não sei quem eu gostaria de ser.
Mas uma coisa eu sei: eu não gostaria de ser quem eu sou. O que não significa, claro, que eu seja eu. Um pouco confuso, não? Experimente ser quem eu sou para ver o que realmente é confuso. Experimente viver com todos esses fantasmas interiores que te assombram o tempo inteiro, não importa quem você seja ou venha escolher a ser.

Bruno, Breno, Fernando, Henrique, André, Carlos... eu já fui todos eles.
Eu poderia ser todos eles.
Eu poderia ser qualquer um.
Mas eu acho que mesmo sendo qualquer um deles, eu ainda continuaria sendo eu mesmo.

quinta-feira, maio 24, 2007

Jogo Perigoso.

... às vezes ele se pergunta como deixou as coisas chegarem a esse ponto. Como foi perder o controle da situação, como passou a ser a parte que ama mais. Sim, ele sabe que um dos dois sempre ama mais, mas Deus, como ele gostaria que não fosse ele. Mas, infelizmente, não é. Não sabe como o jogo se inverteu, como perdeu a posição de dar as cartas nesse jogo tão complicado, que ele particularmente não gosta muito de jogar. Após uma breve reflexão (nem foi preciso muito esforço), chegou à conclusão que não gosta de jogar porque sempre sai perdendo. É assim mesmo. Quem gosta de ficar se arriscando quando sabe que vai perder? E ele sempre perde. É sempre ele que fica sozinho, ele que sempre sai magoado, ele que sai mendigando qualquer migalha de atenção. E quandi isso acontece, alguém dá as cartas novamente e o jogo recomeça... com ele sabendo que vai sair perdendo.

E você estava dormindo quando eu arrumei as minhas coisas no escuro.
O formigar nos meus dedos foi tudo o que restou daquela noite...
Eu não queria acordá-lo, porque eu sabia que não poderia ficar.
Mas eu sei que você me amou do seu jeito... só que eu não posso esperar para que esses dias fiquem para trás.

sábado, maio 12, 2007

Another suitcase in another hall.

...eu não espero que meus romances durem muito tempo,
nunca me iludo que meus sonhos vão se realizar
sendo acostumado ao problema, eu o antecipo
mas, de qualquer maneira, eu odeio isso. você não odiaria?

- então o que acontece agora?
- outro casaco em outro corredor.
- então o que acontece agora?
- retire sua foto de outra parede.
- para onde estou indo?
- você vai conseguir, você sempre conseguiu antes.
- para onde estou indo?

mais e mais eu digo que não me importo.
que sou imune à escuridão, que sou forte cada vez mais.
mas toda vez isso importa e todas as minhas palavras me abandonam.
então qualquer um pode me machucar, e eles me machucam...

me ligue em três meses e eu estarei bem, eu sei...
bom, talvez não tão bem assim, mas eu sobreviverei de qualquer forma.
eu não me lembrarei dos nomes e lugares de cada triste ocasião.
mas isso não me consola, aqui e agora.

-então, o que acontece agora?


[Madonna]

sexta-feira, abril 20, 2007

O Mágico de Oz.

O menininho continua indo.

Por um segundo, se perguntou o porquê voltaria.Pensou nas coisas que deixou para trás e que não gostaria de rever por nada. Isso o deu mais certeza ainda de que não deveria voltar. Dane-se o princípio de quem vai, volta. Agora, ele só vai. Enfrentar os fantasmas do passado pode ser mais doloroso do que se pensa.

E lá vai ele.
Agora, apenas vai.
Pela estrada de tijolos amarelos, que nem a de Dorothy, do leão, do homem de lata e do espantalho. Enquanto eles buscam voltar para casa, coragem, um coração e um cérebro, o menininho apenas buscava o seu abraço.

quinta-feira, abril 12, 2007

Pobre menininho!

E lá vai o menininho.
Ele vai, volta.
Ele volta nem porque ele quer voltar, mas porque acha que é um dos princípios básicos da vida: quem vai, volta. E volta com aquele sorriso estampado no rosto dele, aquele rosto que parece o de um anjo encapetado. E aquele sorriso faz você crer que está tudo bem, que ele está bem. Pobre menininho. Ele não está conseguindo enganar os outros, e muito menos a si mesmo. Se bem que isso ele nunca conseguiu...

Ele precisa de um abraço, apenas isso.
E de alguém dizendo que tudo vai ficar bem.

sexta-feira, abril 06, 2007

Conversas de você com você mesmo. - parte 2

Eu não sei definir o que é felicidade. Creio que poucos sabem... mas eu não me encaixo nesse seleto grupo. Quando esse é o assunto em questão, diversos momentos me vêm à tona, porém, é como se eu não soubesse classificá-los, ou não os encaixasse no quesito 'felicidade'. Se me perguntarem quando eu fui mais feliz, diria que é agora, por esses tempos. Tenho tido motivos suficientes para dizer isso. O que não impede que a sensação de ausência te invada... como agora, por exemplo.

Desconfie de todos. Principalmente de você mesmo. Eu não sei o que eu sou capaz de fazer, não posso prever as minhas atitudes, embora já tenho muitas vezes dito que eu nunca faria isso ou aquilo. A cara de anjo pode enganar, assim como a cara de demônio. As pessoas te surpreendem, sempre. Infelizmente, não é sempre para melhor.

Estar rodeado e se sentir sozinho. Essa é uma das frases que se aplica à maioria das pessoas com quem converso a respeito disso. E dessa vez, eu me encaixo nesse grandioso grupo. Estar rodeado, ter vários amigos, sua família por perto, mas ainda sim ter a certeza que você é a sua melhor e pior companhia.

Eu não acredito em promessas. Por mínimas e mais bobas que possam parecer, eu não acredito nelas. Sei o quanto o ser humano pode não atribuir a mesma importância que você a algo. Uma promessa sempre foi algo importante para mim, mesmo sendo banal. Sempre pensei assim: prometeu, que cumpra. Até que o mais freqüente dos meus pensamentos passou a ser: "mas você prometeu...". Não prometa fazer companhia a alguém se você não vai, não prometa dar algo se você não vai, não prometa o que você não vai cumprir. E eu sei que você não vai.

Às vezes eu paro e penso a respeito da separação dos meus pais. O que logo se cessa, pois esse é um dos assuntos o qual eu nunca conseguirei discutir sem que uma lágrima desça pelo rosto. Há perguntas a serem feitas, mas sem a vontade de abrir as feridas.

E logo após essa conversa comigo mesmo divida em duas partes, eu confesso que não cheguei em nenhuma conclusão, embora não soubesse que estava procurando por uma. E ainda não sei se estou procurando por uma conclusão ou qualquer coisa que seja...

segunda-feira, abril 02, 2007

Conversas de você com você mesmo - parte 1.

Às vezes é difícil ver as coisas sob uma perspectiva profunda. Eu estava estressado, realmente estressado, mas não percebia isso. Quanto mais me falavam, menos eu acreditava, mais eu pensava ser apenas implicância das pessoas. E isso foi me prejudicando aos poucos, mas em proporções inimagináveis. Comia tudo o que via pela frente para me acalmar, engordei muito, o que me obrigou a largar o que seria uma carreira de modelo. Fui prejudicado nos meus estudos, nas minhas relações. Foi quando eu vi que precisava me tratar, mudar algumas coisas, viver sem tantas preocupações e expectativas. E assim o fiz.

Eu sou bastante vulnerável. Detesto ser criticado, detesto que me chamem a atenção por eu estar fazendo alguma coisa que supostamente seria errado. Da mesma maneira, sou um tanto quanto inseguro. Qualquer crítica me deixa assim, qualquer mudança de comportamento em relação a mim me deixa assim. Fico achando que a culpa é minha, que o problema está comigo, sempre comigo.

Você tem que ir até lá para poder voltar. Já estive no fundo do poço, principalmente em relação à minha auto-estima e aos cuidados com o corpo. Já tive tendências bulímicas e nunca estive satisfeito com meu visual, nunca consegui olhar para o espelho e gostar do que estava vendo. Costumo falar que a minha auto-estima está mais para 'baixo-estima'. Nunca tive o costume de ser 'mais eu'. Mas quando isso começa a te prejudicar é quando você começa a ver que precisa mudar. E eu mudei. Não digo que consegui ainda, mas estou tentando.

Eu sempre tive fé. Nunca acreditei muito em relacionamentos, nunca imaginei que eles pudessem durar e serem realmente verdadeiros. Não era muito crente no amor, mas sempre tive fé que um dia encontraria alguém para realmente poder chamar de 'meu amor'. E não é que eu encontrei? Hoje vejo como é importante ter alguém que você possa se apoiar, chamar de seu porto seguro. E eu tenho.

Eu não conto muitas histórias. Fico nos fundos. Eu sou um extrovertido fracassado.

domingo, março 25, 2007

What If I stay?

"talvez tenha sido tudo sua culpa...
e se eu for?
e se eu partir?
e se eu te mostrar como você está me acabando
e eu sei...
que não importa o que eu diga...
eu ainda estarei pensando: e se eu ficar?"

[Melanie C]

quinta-feira, março 22, 2007

Eu não gosto de me apaixonar...

... porque quando se apaixona, logo vêm as preocupações, as desconfianças, as inseguranças e, juntando tudo isso, logo se tem a dependência. A pior delas, a dependência de quem alguém que praticamente não sabe da sua existência, não sabe nem o seu nome e muito menos do que você seria capaz de fazer por essa pessoa. Bom, provavelmente nem mesmo você sabe... tem andado tão carente que é capaz de confundir o cumprimento de alguém como uma boa cantada, confundir a mínima empolgação com amor. E você começa a se perguntar se é possível confundir algo que você provavelmente nem sabe o que é...

Com as mãos para o alto, você pergunta a Deus onde é que toda essa história vai parar...

terça-feira, março 13, 2007

Meninos Malvados.


... sim, você sabe que não consegue resistir àquele pequeno demônio. O modo como ele se movimenta, aquele corpo, suas curvas, o modo como suas calças se mechem à medida que ele anda.

E, ah, você adora quando ele anda. Quanto mais ele anda, mais você o encara, com o olhar tão fixo que nada é capaz de dispersá-lo. Tão fixo está o olhar que você só consegue pensar nele... aquela cara de anjo povoando gritos de prazer, cada vez mais intensos e sinceros.

Você pensa que o ama. Não sabe nada a respeito dele, talvez seja por isso que o ame, porque não sabe quem ele é. Quanto menos você sabe, mais o quer em seus braços, entre suas pernas.

Aí vem ele.
Mas é melhor você se cuidar.
Ele vai partir o seu coração em dois.
Ah, se vai.

quarta-feira, março 07, 2007

Lolita?

... e lá estava ele, com aquele jeito angelical, mas com o seu corpo não tão angelical assim. Chamou a sua atenção desde o início, com seu jeito indefeso. Isso fez com que você quisesse estender a mão para ele atrevessar a rua, afinal, você não quer que o pobre menino se machuque.

Até você descobrir o tamanho do estrago que ele pode fazer em sua vida, até você descobrir o quão devasso ele pode ser . Depois, você vai querer aquele menininho indefeso sussurando as mais pervertidas frases em sua orelha. Sua 'Lolita de calças', como você mesmo o costuma chamar. E ah, as calças. Aquelas que modelam o que você acha que ele de melhor tem a oferecer.

Você sabe que não deve.
Mas você não resiste.
Aquele pequeno demônio te deixa maluco, não é mesmo?

domingo, março 04, 2007

Brincadeiras de criança.

'... tudo começa como inocente brincadeira de criança. Mas ser criança é coisa muito séria. E na brincadeira se perde a inocência. o colorido se apaga, algum remeximento lá no fundo diz que a brincadeira acabou. Vem o vazio daquilo que se perde. E na tentativa de preencher aquele vazio, livra-se de todo o resto, de todo aquele peso morto. Porque estar vazio não é apenas esquecimento, é esforço para não ser esquecido.'

[roubado do flog da Bárbara.]

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Jogos de azar.

... e ele não sabia o que fazer, sentado em sua cama, encarando todas aquelas pílulas, sentindo um absurdo vazio interior. Foi quando percebeu o tamanho de sua dependência. Mas aqueles antidepressivos não importavam, afinal, a dependência não provinha deles, mas de você.
Ah, os comprimidos. Essas cápsulas laranjas, que o fazem dormir como um anjo e acordar com o demônio.
Ele tentava, mas não conseguia pensar, se concentrar em nada. Ele só pensava nos tempos onde você não o deixava dormir sozinho. Tempos os quais, existiram apenas para ele. Infelizmente, você não conseguiu esconder o vazio que sentia e ainda o demonstrou...
Mas não se culpe. Afinal, você não tinha idéia que para ele não era apenas um jogo, não é?

domingo, fevereiro 25, 2007

Better Off Alone.

'uma coisa antes de eu ir...
algo, que eu preciso saber.
meu bem, algum dia você me amou?'

[Katharine McPhee]

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

It's really possible to die.

"Importava? Ela se perguntou, caminhando para Bonde St..Importva que ela devesse, inevitavelmente, cessar totalmente? Tudo continuaria sem ela. Ela se resentia disso? Ou, não seria, talvez, um consolo acreditar que a morte terminava tudo absolutamente? É possível morrer. É realmente possível morrer."

[As Horas]

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

É, foi mesmo.


... e lá estava aquele frasco laranja no armário de remédios do banheiro, clamando por mais outra dose de comprimidos da felicidade. Aqueles que quando você toma, você começa a achar que o mundo é exatamente daquela maneira e que o problema está com você, mas, apesar de saber isso, você não consegue compreender o que há de errado. Mas meu bem, eu te perdoô, apesar de tudo. Você sabe que acho qualquer coisa melhor do que ficar sozinho... afinal, você apenas não bebeu o suficiente para dizer que me ama, não é mesmo?

sábado, fevereiro 03, 2007

Lítio.

... e ele se pergunta o que continua fazendo sentado lá, escrevendo as maiores besteiras que alguém poderia ler, a respeito de si próprio, mas falando a respeito de um tal personagem fictício que não consegue enganar nem a ele mesmo. Cansado, cansado dos dias solitários e das intermináveis noites sombrias. E ele sabe bem como resolver isso. É só ir até o armário, pegar três ou quatro comprimidos daquele frasco laranja e pronto, aí está a felicidade. 'É, deve ser isso que eles chamam de felicidade', ele pensa. Bom, pelo menos até a hora da próxima dosagem.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Ele pode?

... e lá estava ele, sentado na beirada da cama pensando em todas as coisas as quais fez esse ano. Corrigindo, lá estava ele, sentado na beirada da cama pensando em todas as coisas as quais ele NÃO fez esse ano. Afinal, a quantidade de coisas que ele não fez é consideravelmente maior do que as coisas que ele fez. A partir disso, foi inevitável pensar como essa simples palavra o perseguia: 'não'. As coisas que ele não fez, as pessoas que ele não conheceu, as oportunidades que ele não aproveitou, as coisas que ele não falou. E quando se deu conta, já era tarde demais. Tarde demais para fazer, conhecer, aproveitar, falar.

Há uma caixa em cima da cama. Ele a encara. Fixa o olhar nela e começa a pensar no que há dentro dela. Sim, ele sabe. Eu não sei. Quem sou eu para saber alguma coisa da vida dele? Se nem ele sabe, o que dirá eu, que mal sei a respeito da minha. Mas não estamos aqui para falar a meu respeito (ou não).

Sim, ele sabe o que há dentro daquela caixa. Mas ele não a quer abrir.
Abrir para que? Para reviver tudo aquilo? Todas aquelas lembranças que ele tem tentado esquecer, tudo o que fazia lembrá-lo o quão fracassado ele é está dentro daquela caixa. Será que uma pessoa pode culpar todo o fracasso de uma vida em uma caixa? Ele acha que pode, afinal, foi por causa dela que tudo começou. Por causa dela que ele a conheceu. E desde que a conheceu, sua vida não tem feito mais sentido. Apaixonar-se nunca fez sentido para ele, agora então, mais ainda. Tudo estava tão bem antes dela aparecer - ecoa em sua mente. Nem tão bem assim, mas melhor do que está hoje.

E ele se pergunta novamente se pode culpar uma caixa.
Sim, ele ainda pensa que sim.
E quem sou eu para falar que não?

Quem nunca culpou outras coisas pelos seus próprios fracassos?

sábado, janeiro 27, 2007

Pecados talvez não tão íntimos assim.

É incrível quando começamos a pensar em determinados aspectos da vida. Talvez não de nossa vida. Mais incrível ainda é quando começamos a pensar em alguns aspectos das vidas alheias. Sim, isso mesmo. O quão bem é possível conhecer as pessoas que nos cercam? Creio que não muito bem. Se já é difícil nos conhecer bem, imagine conhecer quem convivemos. Conhecer a intimidade de uma pessoa quando o sol se põe e todos (aparentemente, claro) vão dormir.

O bom menino que sua mãe adora que entre quatro paredes é um pervertido.
A linda menina loira que todos gostariam de ter como filha, uma prostituta.
A bela e feliz família, quando o chefe da casa mantém um caso com o vizinho.

Quando o sol volta a nascer, o pervertido volta a ser o bom menino, a prostituta se arruma e volta a ser o exemplo de menina a ser seguido e o pai dedicado volta a amar a sua esposa como se nada tivesse acontecido.

Mas disso você já sabia. E fica calado, é claro. Você prefere assim do que correr o risco de algum deles acender a luz durante a noite, para saber o que você faz quando o sol se põe.

E quer saber?
Eu também prefiro assim.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

É, talvez tenha sido por amor.

E lá estava ele, encarando-a.

Encarando aquele corpo estendido na cama. Fixava o olhar na cabeça e ia descendo seguindo as perfeitas curvas, que não foram suficientes para prender-lhe a atenção que logo foi desviada pelas gotas de sangue pingando no chão, uma a uma.

Isso provocou-lhe uma imensa sensação de nostalgia. Pensou se estaria arrependido. Não. Arrependimento não era a palavra certa. Ele não estava estava satisfeito. Sim, era isso! A satisfação não era completa. E isso o fez lembrar do início, quando se conheceram, ela, um pouco mais nova, mas aparentando ser intelectualmente muito mais velha. Ele, um simples rapaz, com uma simples beleza, cursando uma simples faculdade para ter um simples emprego. E como todo simples homem, sonhava com uma simples mulher. Mas não. 'NÃO.' - ecoa o grito em sua mente. De simples ela não tinha nada. Era uma mulher incrível. Fisicamente, era muito bela. E uma pessoa incrível. O que fez ele se perguntou muitas vezes o que ela estaria fazendo com ele. O que é normal, afinal, pessoas incríveis não procuram simples pessoas. Ou seria o contrário? Não importa. E as lembranças continuam... o namoro perfeito, as juras de amor eterno. O que provavelmente seria, se não tivesse acontecido o que aconteceu. Nem ele sabe o que aconteceu direito. Nem eu. Muito menos você.


O olhar é desviado novamente para o corpo na cama. Nua. Pálida. Quanto mais ele a olha, mais ele lembra. Não suportou o fato dela ser melhor do que ele. Ser melhor em tudo. Talvez por isso tenha feito o que fez. Acabado com sua existência. Mas assim foi pior. Ele não acha, mas foi. Dessa maneira, ele não foi capaz de provar a ela que ele era melhor. Ela morreu sendo melhor e assim vai continuar sendo.

Parece que algo o encara. A sensação de estar sendo observado é inevitável.
Mas não há ninguém, apenas as horas. As horas que não se calam, não param de passar. Aconteceça o que acontecer, as horas vão continuar passando. Aquelas horas que matam tudo como um último suspiro de felicidade. As horas que vão sempre existir entre os dois. 'Mas foi por amor.' - ecoa novamente em sua mente. Que seja, as horas de amor que vão sempre existir entre eles. Ou não. E assim, descobre o porquê não está satisfeito. Por causa dessas horas.

Resolve tomar um banho. Liga a água quente na banheira, esperando-a encher por completo.
Enquanto isso, vai até o armário de remédios onde pretende buscar o que precisa. E acha. Vai até a banheira, entra, toma 5, 6, 7 comprimidos. Nem ele sabe. Muito menos eu. Não gosto de ficar prestando atenção nessas coisas. Espera um tempo, até o remédio fazer efeito. Ao se sentir sonolento, pensa: 'Agora sim, a satisfação é completa. E foi por amor.'

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Pérola.

'- eu preciso de um pinto novo!'
'- ah, essa vai para o meu blog!'
'- mas eu preciso, PORRA!'

[diálogo seríssimo ocorrido entre Mariana Silveira - a.k.a. Porka - e minha pessoa. ontem, 11/01/07. sim, precisamos de mais noites como essas. te amo, Porka!]

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Caderninho.

'Gente, se eu não morrer de tédio até o fim das férias, eu não morro nunca mais!'
[Fernanda Soares]

segunda-feira, janeiro 08, 2007

E ele sempre volta... sempre.

É incrível como alguns fantasmas sempre nos perseguem.
Principalmente quando esses fantasmas fazem parte de nós mesmos, ou ainda, quando esses fantasmas somos nós mesmos. Como é o caso do menininho. O tempo passa, o amadurecimento vem, a consciência retorna. E ele lá, sempre atrás da porta. Cabeça baixa, chorando.

Hoje, ele resolveu sair um pouco.
Chegou perto com algumas folhas brancas.
O que dizia nelas? Não sei... acho que eu não quis saber. Ou talvez quis, mas fiquei com medo... como sempre acontece quando o menininho está por perto.

Medo. Essa palavra o define bem.
Assim como insegurança e covardia.
Três palavras que o definem bem. Ou me definem.
Eu não sei mais quem é ele ou quem sou eu. Ou se nós somos um só. Não sei, isso me deixou confuso... aliás, é uma das características dele. Ou minha. Ou nossa. Ah, não sei.

Fico olhando para ele...
Pensando em como ele consegue ser ele mesmo, sempre. Sem se esconder atrás de nada ou ninguém. Sempre, ele mesmo... mesmo que isso não seja bom. Ser você mesmo, mesmo que isso não te agrade. Será que isso é válido? Não sei... principalmente quando não sei quem é ou, se ele é ele, ou pior ainda, se ele sou eu.

Olho para as folhas no chão.
E ainda me pergunto o que estaria escrito nelas.

domingo, janeiro 07, 2007

You'll never get away from me.

Todos gostam de um jogo de faz-de-conta de vez em quando. Claro que as maneiras que jogamos podem variar imensamente. Às vezes nós dizemos a nós mesmos que o trabalho não irá interferir na nossa vida pessoal. Às vezes, imaginamos certos relacionamentos mais significativos do que eles são realmente. Ocasionalmente, nos colocamos na berlinda, como se para nos convencermos que nossos segredos não são tão terríveis assim. Sim, o jogo do faz-de-conta é bem simples. Você começa quando mente pra si próprio... E se você consegue que os outros acreditem em suas mentiras, você vence.

[Desperate Housewives]

sexta-feira, janeiro 05, 2007

All Good Things.

'quando os cachorros estavam latindo para a lua nova,
assoviando uma musica nova esperando que chegasse logo

e o sol estava se perguntando se deveria
se afastar por um dia
até o sentimento ir embora

e o céu estava caindo e as nuvens estavam pingando e a chuva caindo,
descendo para trazer salvação

e os cachorros estavam latindo para a lua nova
assoviando uma musica nova esperando que chegasse rápido
para que eles pudessem morrer.'

[Nelly Furtado]

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Reflexões de um dia de chuva.

Acordo hoje, por volta de 9:30 da manhã.
A primeira coisa que faço é olhar a janela...chove.
E como todos sabem, os dias de chuva são essenciais na vida de todos, pois eles lavam tudo o que encontram pela frente, principalmente suas mágoas, decepções e culpas.

Sempre esperamos a chuva passar, esperando que tudo esteja limpo e novo para que possamos sujar novamente, sempre esperando ansiosos pela próxima chuva, que você sabe, são freqüentes nessa época do ano.

Olho novamente para a janela.
Sim, a chuva está diminuindo. E mais um dia se passando.
Mas mesmo assim, eu não consegui entender o que há de errado comigo...